Sei que não venho aqui faz tempo.Mas recebi um e-mail de alguém que ouviu outro alguém dizer que a gente não escreve o que pensa, mas escreve pra pensar. Além disso, a parceria com o descarrego cultural acrescentou uns 5 leitores no meu saldo anterior(6!).
Hoje parece um absurdo resistir a algumas coisas.Não me entregar a saudade,a loucura, não reviver tudo, não revirar meu próprio lixo emocional, não chorar nem um pouquinho.
Parece um absurdo não fazer nada disso, mas eu me recuso. Alguns podem chamar isso de crescimento. Sei lá, mas pra não cair na tentação de escrever pra pensar o que não devo, ai vai uma listinha das faltas de NY.
1- Sinto falta de tomar chá todos os dias, sempre tinha água fervendo no apartamento, sempre tinha a Uly oferecendo sua caixinha de chás especiais.Sempre tinha chá no meu caminho de casa depois do trabalho, o cara egípcio da Vietnamit Deli já sabia que ou eu escolheria o Lemon Zinger ou era a vez de Raspberry Zinger.
2-Falta da Uly, minha roommate, com suas observações engraçadas, suas roupas com estampas animais, suas músicas colombianas/suecas/argentinas e sua mania de fen shui.Espero encontrá-la novamente.
3- Neve! Sim eu sei que estando nos meses de inverno em praticamente todo o hemisfério norte eu poderia contemplar a neve, mas assim, era tão bom ver a neve na escada de incêndio, acho que ver neve cair é mais inspirador que aqueles jardins de pedrinhas japonês, mas relaxante que acumpultura nas costas e massagens nos pés...
4- Andar de metrô.É absurdo o tanto que eu lia/escrevia/comia/dormia no metrô.Fora as pessoas, os inusitados artistas de rua que entravam todos os dias, os ex-soldados pedindo, as pessoas vendendo coisas ou cantando ou dançando ou tocando, enfim ver pessoas, conversar com as pessoas de um jeito absolutamente casual que é improvável em Brasília...
5- Bagles!!! Sim, os maravilhosos incomparáveis imbatíveis bagels, os pãezinhos judeus que fazem parte da vida de ny, e claro café " to go", os únicos lugares onde você pode comprar café pra viagem ou tomar refil de café no Brasil são Starbucks ( fora dos limites, em SP) e no McDonalds, até as 11 da manhã.Adivinha meu novo vício...
6- O ritmo.Parece que eu passei anos lá sem dormir, sem comer direito, na base do café-red bull-chá-night quil-tylenol, mas confesso que esse semestre está tão fragmentado e sem ritmo( pós greve, pós emprego, disciplinas práticas demais...) que eu até preferia o revezamento de 3 empregos+museus+compras+jardim botânico...
7- Estar sozinha, mas não me sentir sozinha. Acho que essa é uma das sensações que as pessoas buscam consciente ou inconscientemente e é uma coisa muito saudável, na verdade, e eu fico feliz de ter ficado assim, mas imagino porque é tão mais difícil fazer isso na sua cidade natal.
8- Inversão dos dias.Como normalmente trabalhava no fim de semana, “saia” segunda, terça e quarta, quando há menos pressão pra se divertir e os lugares normalmente não estão lotados.Essa obrigação por conta de aula e trabalho de só se divertir 2 dias determinados da semana estraga e amarga tudo.
9- Go on a date.Acho que nem vou comentar esse tópico, só dizer que a abordagem masculina nessa cidade deixa tanto a desejar...
10- A disposição de fazer e conhecer e experimentar absolutamente tudo, simplesmente por saber que o tempo é limitado, que a possibilidade de uma segunda chance é quase nula.
I’m gonna sell my car and go back to The City one of these days...